MÉDICOS EM DECADÊNCIA? MÃO À PALMATÓRIA.















Acabo de ler mais um comentário ácido à classe médica. Não sei quem é o autor,mas, pelo visto é mais um fã da ditadura cubana que define os médicos brasileiros como mediquinho e prefere os médicos cubanos que estão por vir.


Para inicio de conversa médico cubanos, brasileiros, americanos ou europeus são profissionais especializados por excelentes ou precárias escolas médicas. E, delas podem sair excelentes ou péssimos profissionais. Um dos fatores que é fundamental para um bom exercício profissional é o caráter. E, por tratar diretamente de corpo e consciência o bom médico tem que ter um caráter irretocável.


Ao longo de quase quarenta anos como médico venho me preocupando a cada ano que vejo a decadência do ensino e da profissão médica. Já a ciência médica vem evoluído a cada seis meses de maneira tão rápida como a informática. Os custos com a medicina na mesma proporção. Se providências não forem tomadas pode beira à insolvência do sistema público e privado.


A falta de padronização de condutas,as escolas impróprias para o ensino médico, a falta de investimentos substanciais nas ações preventivas e no saneamento básico somados à fome insaciável por mais lucros da indústria farmacêutica e dos empresários da doença são preocupantes.


Fico triste com a decadência dos médicos do meu país. O caos na saúde pública tem dois grandes culpados os governos ao longo dos últimos 50 anos e a própria classe médica. Os governos, em especial, os  das três décadas passadas que não efetivaram um plano de saúde pública que valorizasse a medicina preventiva, o saneamento básico, a habitação e o SUS. Não combater a corrupção e o uso da moeda de troca na saúde via políticos passa a ser o golpe fatal para à falência do SUS.


A classe médica é culpada por compactuar com os empresários da doença, em especial os que exploram as ditas seguradoras de saúde, por ouvir o canto da sereia da indústria farmacêutica e, principalmente, por não valorizar-se e trabalhar em instituições públicas ou privadas que não lhe ofereça condições dignas de trabalho. 


O que dizer de um médico que se submete atender 120 pacientes em 12 horas de trabalho? O que dizer de um médico que solicita exames desnecessários para obter lucro? Sei, pode não ser maioria, mas, de certa maneira muitos solicitam pelo excesso de pacientes. O que dizer dos esquemas de assinar ponto e não trabalhar? Sei que não é a maioria, mas, essa minoria compromete o nome de uma maioria que dignifica à classe.


Apesar da preocupação e tristeza como vejo o caos na saúde pública, também me animo ao ver a mobilização de muitos  pela causa médica. Sempre fui contra a greve, mas, se posso dar um conselho aos meus colegas mais jovens, diria; demitam-se de qualquer instituição que não lhes permitam trabalhar dignamente. Sejam autônomos. Sejam médicos.

Eduardo Leite


Dedico esse artigo a minha colega Heli Brandão e aos meus filhos que abraçaram a psicologia e a medicina
 



MÉDICOS EM DECADÊNCIA? MÃO À PALMATÓRIA. MÉDICOS EM DECADÊNCIA? MÃO À PALMATÓRIA. Reviewed by Eduardo Leite on 7/31/2013 11:59:00 AM Rating: 5

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