Há mais de vinte anos atrás, em Salvador, conversava com uma paciente que iria operar em seguida.
Era uma jovem senhora que estava vindo passear com o marido em Salvador. Vinham do Rio de Janeiro pela BR 101.
Ao pararem num posto em Itabuna para abastecerem, foram abordados por um casal que pedia carona.
O marido recusou, mas, por insistência dela, argumentando que a acompanhante do casal estava grávida de sete meses, foi demovido e deram carona ao casal de desconhecidos.
Depois de alguns quilômetros, foi anunciado o assalto, ao desceram do carro foram conduzidos até uma mata, lá, o marido foi baleado na cabeça e ela no abdômen.
Um dia depois foi encontrada agonizando. Conduzida ao Hospital Getúlio Vargas, em Salvador, seria operada por mim.
Na cirurgia constatou-se perfuração de várias alças intestinais e considerável hemorragia interna.
Apesar da cirurgia e devido à peritonite (infecção generalizada do abdômen) a jovem senhora, faleceu dois dias depois.
Nunca mais dei carona a desconhecidos, nem parei para ajudar nas estradas.
Semana passada viajando de moto, tive o pneu trazeiro detonado.
O segundo carro solicitado parou. Era um senhor, viajante comercial, indo para Belo Horizonte. Solicitei informações sobre a próxima cidade. Estava a 80 kms de distância.
Este senhor, gentilmente retornou com a minha mulher para o posto de combustível que havíamos passado a aproximadamente 5 km e, me trouxe uma garrafa de água.
Perguntei como poderia lhe pagar ele apenas me desejou boa viagem. Minutos depois parou,sem que eu solicitasse, um outro carro.
O motorista dizia-se ser borracheiro do posto que minha mulher fora pedir o reboque, e do seu próprio telefone celular conseguiu localizar numa revenda de pneu, o raro pneu trazeiro da minha moto. O mesmo seria disponibilizado por um motoboy.
Chegando o reboque, fomos ao posto e o serviço foi feito. Quanto lhe devo? 10 reais. Segui viagem até Betin-MG.
Consternado com a tragédia em Santa Catarina e sendo vítima desse pequeno incidente, senti na própria pele a importância da solidariedade.
E, é de solidariedade que esse mundo mais necessita. Não podemos admitir que um terço da humanidade viva em miséria absoluta e que milhões de pessoas morrem a cada ano de fome.
Não podemos aceitar a corrupção generalizada no nosso país. Foi assim, pensando nesses temas que chequei à Araxá e depois de três dias retornei pensando sobre a importância da solidariedade entre as pessoas.
BURACOS E ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.
Viajar de moto exige atenção redobrada em relação aos buracos e outros defeitos nas rodovias.
Dizia-se no passado, não muito distante, de que depois da Bahia, descendo para o sul, passávamos a ter estrada descente. Era verdade. Depois da divisa da Bahia com o Espírito Santo e Minas, passávamos a ter estradas descentes.
Dessa vez a coisa mudou, pela BR 101, a estrada é boa até divisa, a partir do Espírito Santo é uma lástima, buracos e em alguns trechos até Vitória o asfalto simplismente desapareceu.
De Vitória-ES, fomos pela BR 262 até Araxá, a estrada deixa visível a má conservação mas, como é um trecho sem muito movimento até que não está muito mal.
Voltando de Araxá pela BR 251 e pela BR 116 até a divisa com a Bahia, há um total abandono por parte significativa dessas rodovias federais no estado de MG.
Para onde vão os impostos dos mineiros? E dos outros brasileiros?Questões políticas? Muita coisa tem que mudar nesse nosso rico e ao mesmo tempo miserável Brasil.
Depois de abastecer em alguns postos com gasolina suspeita, chegamos com a moto falhando mais do que político pós eleição.
Até quando seremos vítimas dessas quadrilhas dos combustíveis adulterados?
Eduardo Leite
SOLIDARIEDADE, BURACOS E OUTRAS CONSIDERAÇÕES.
Reviewed by Eduardo Leite
on
12/03/2008 07:07:00 AM
Rating:
Nenhum comentário:
Postar um comentário