Graças aos grandes avanços do saneamento básico, da ciência médica, da engenharia biomédica, da indústria farmacêutica, a humanidade tem tido condições de viver mais e em melhores condições.
Há 10.000 atrás o homem dificilmente passava dos 18 anos.No século XIX vivia-se me média até os 50 anos, hoje, em país de primeiro mundo, em média chega-se aos 75 anos.
No Brasil, alcançamos uma sobre vida média de 68 anos. Já é um grande avanço. Temos condições de alcançar a média dos países desenvolvidos se investirmos mais em saneamento básico e na medicina preventiva.
Recentemente, como diretor geral do HCA, concedi uma entrevista a uma emissora de TV onde algumas colocações ditas por mim a respeito de ocupação indevida de pacientes terminais em UTI, foram interpretadas de maneira equivocada por algumas pessoas.
Chamou-me a atenção que algumas pessoas e meios de comunicação equivocaram-se, sobre as minhas ponderações e interpretaram as minhas colocações como uma maneira de não encaminhar pacientes para UTI em detrimento de outros, isto, para contrapor a falta de leitos no nosso hospital.
Bem antes de ser diretor geral do HCA, como médico, sempre me coloquei contra indicações indevidas de pacientes em UTI.
No meu blog há vários artigos a respeito, bem antes de ser diretor do HCA. Num deles, falo sobre a nobreza do papa João Paulo II que, moribundo, solicitou morte digna fora de um leito de UTI.
Vejo pacientes submetidos a cirurgias de médio porte serem encaminhados para UTI, por que alguns médicos podem avaliar ´´ o risco social `` e não a real necessidade do internamento na unidade.
Há também a conveniência de alguns profissionais que têm que viajar e ´´por melhor ´´ segurança indicam o seu paciente para a UTI. UTI, também ocasiona iatrogenia, e não são poucos os casos.
Além disso, o custo é alto e alguém vai pagar por ele. Mas, felizmente, essas indicações indevidas não são muito comuns.
Infelizmente, é muito comum no Brasil, indicação de UTI para pacientes terminais onde todos os recursos terapêuticos para a reversão do processo vital não surtem mais resultados e a finitude é uma questão de tempo.
Manter um paciente terminal em um leito de UTI é prolongar um sofrimento sem sentido e retirar deste ser o que lhe é de direito inestimável, o direito de morrer com dignidade ao lado dos que lhe são queridos.
Eduardo Leite
DIREITO A VIDA E A MORTE, COM DIGNIDADE.
Reviewed by Eduardo Leite
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3/08/2008 09:54:00 AM
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Um comentário:
Concordo plenamente. A UTI não é um lugar destinado para aliviar a morte e sim para preservar a vida. As UTIs foram criadas para dar suporte intensivo a quem tem chance de sobrevivência.
Sou enfermeira e conheço bem este drama. Rseta à equipe que acompanha o paciente terminal preparar a familia desde o momento em que a doença terminal é diagnosticada, já esclarecendo qual a função da UTI e a consequência de ocupar um leito com o seu paciente. Deve oferecer apoio e alívio aos sentimentos de culpa dos componentes da familia e proporcionar conforto ao paciente.
Uma equipe multiprofissional (médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo) pode ser importante nesta hora.
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