SOMOS TODOS FILHOS DE HIPÓCRATES E, SOMOS TODOS HIPÓCRITAS.

Já respondi a inúmeros artigos e reportagens contra a má prática da medicina. Jurei não mais responder. Como disse, tenho dificuldade de me controlar.

Respondo ao artigo de uma jovem jornalista que passei a admirar pelo amadurecimento e juventude dos seus textos: Danielle Brito. Me considero seu amigo e admirador, continuarei a sê-lo.

A ela, e a quem interessar possa, digo: somos todos hipócritas, e, esse desvio não é exclusivo dos ditos seguidores de Hipócrates é de quase toda a sociedade. Infelizmente.

Vivemos em função do Ter e, não do que importa: do Ser. Ser descente, intégro, humano, humilde, generoso e principalmente amar ao próximo como a si mesmo.

Somos quase tudo de bom, quando jovens, crescemos, sofremos as influências mercantilistas e nos transformamos num ser egoísta, sem alma e sem princípios, vislumbrado, quando não a fama, o poder. E, para isso, esquecemos os nossos sonhos de juventude, dos juramentos e a razão do nosso ser: o amor em sua plenitude.

É essa a nossa triste realidade. Concordo que devemos continuar a sonhar e desejar um mundo mais justo e igualitário.

Repudio aos médicos, juízes, políticos, jornalistas e todos os seguimentos da sociedade que não são éticos e pensam só no lucro material para si e os seus que lhes são queridos.

O grande culpado pela degradação, cada vez mais crescente, da classe médica, é o próprio médico que como a maioria da sociedade volta-se ao lucro fácil e egoísta e, para alcançar esse vil objetivo, rasga o mais belo dos princípios da sua profissão, o amor ao próximo.

Amor esse, que não é um dever da classe médica é uma dever de todos os segmentos da sociedade, inclusive dos jornalistas e demais formadores de opinião...

Durante 18 anos fui professor em curso de especialização em cirurgia geral. Gostava de ensinar, pois ensinando aprendia. Deixei de ensinar, desmotivado por ver jovens médicos, como o exemplificado no texto de Danielle, assim como o lamentável exemplo de falta de caráter dos formandos da faculdade de medicina de Londrina no Paraná, que a título de comemoração, embriagados, invadiram o hospital em que estagiaram, tumultuando e desespeitando aos enfermos que ali procuravam atendimento médico.

Apesar de tudo isso, adoro ser médico, se nova oportunidade me fosse dada depois dessa vida, o seria novamente, cometeria os mesmos erros, pois, os que cometi , foi pensando em acertar e,manteria a mesma vontade de continuar sonhando por uma medicina digna, humana e eficiente.

Mas, estamos em época de festas e de desejar votos de um próspero ano novo , aproveito a oportunidade para desejar a todos que me honraram em ler este texto, mais sonhos em 2009, com muita esperança na construção de uma sociedade com mais espírito humanitário.

Eduardo Leite
eduardoleite@gastroajuda.com.br.