MÉDICO NÃO É PUTA! DEMISSÃO COLETIVA JÁ!!!

Li a pouco um texto atribuído ao grande contista Érico Verissimo, onde ele compara a profissão de médico à de prostituta. Permito-me não reproduzi-lo aqui. Aos interessados podem procurar no Google, o Obama copia e permite, sem problema.

Para os milhões de brasileiros e mais de 400.000 médicos que não me conhecem resumidamente me apresento, sou médico formado em 1975, baiano, nascido em Salvador, exerço a medicina desde 1977 em Feira de Santana e em algumas oportunidades em Salvador.

Nesses meus quase 40 anos de exercício tenho participado como observador ou através de artigos e palestras de tudo que vem acontecendo com a classe médica e em especial com o serviço público de saúde.

Posso garantir que a decadência do serviço público e da classe médica vem desde o meu tempo de ingresso na Faculdade de Medicina em 1969. Pode ter tido alguma melhora por pouco tempo aqui ou acolá desse nosso imenso Brasil.

Mas de modo geral a decadência é um fato extremamente preocupante e genocida. O número de vítimas da Mistanásia é absurdamente imoral com milhares de brasileiros que morrem ou ficam com graves sequelas a cada ano seja do Oiapoque ao Chuí.

 

A quem atribuir pelo Caos na saúde pública? Ao governo que não sabe ser gestor e compactua com a corrupção? Aos empresários que exploram as doenças e só visam o lucro assim como a Indústria farmacêutica? Aos políticos que em maioria só se preocupam em manter-se no poder e usam da saúde pública como moeda de troca?

 

Às Faculdades de Medicina, na maioria, de baixa qualificação? Ao povo alienado e cordeiro que vende seu voto por uma dentadura ou por uma Bolsa família, ou que não sabe exigir o seu direito básico de ter uma Escola Pública que ensine e uma Saúde Pública decente?

Aos demais profissionais de uma equipe de saúde que em vez de reconhecerem o seu importante valor ficam a brigar por funções que não lhes é de direito e nunca o serão? Aos Médicos?

Para mim todos nós somos culpados e, agora vou tecer algumas colocações a respeito da nossa culpa como coautores pelo caos inaceitável na saúde pública do nosso Brasil.

Para mim nós médicos somos um dos grandes culpados pelo caos na saúde pública e, em especial pela decadência da classe médica. Somo poderosos e fracos ao mesmo tempo por dois motivos; somos desunidos e pobres em consciência profissional.

O que quero dizer como pobres em consciência profissional é que, na maioria, lutamos por melhor remuneração e, pior, aceitamos trabalhar em instituições indignas onde os preceitos da ética são rasgados a cada paciente que atendemos em menos de 5 minutos, a cada saída de plantão antes da hora.

A cada paciente que não operamos por falta de água, por falta de luva, por falta de anestésico, por falta de leito de UTI e por tantas outras faltas que a maioria das instituições nos oferece e, mesmo assim, continuamos a trabalhar nesses verdadeiros cacetas armados que resulta em mais de 90% dos processos judiciais contra os médicos que aceitam trabalhar nessas condições. Sim, somo culpados e não há necessidade de citar mais culpas. São inúmeras.

A solução? Termos consciência ética. Vamos dar um basta a todos os envolvidos com esse caos do a qual somos participes. Vamos dar um basta aos gestores corruptos que não nos reconhece como classe e pedir demissão coletiva.

Vamos dar um basta a essa indústria farmacêutica que procura nos sensibilizar com canetas, com jantares, passagens para congressos e outras ações de marketing. Vamos dar um basta aos colegas que nos exploram na indústria da alta complexidade via SUS. Vamos dar um basta aos hospitais que não valorizam o médico plantonista de sobreaviso.

Vamos dar uma basta geral às ditas seguradoras de saúde que determinam os nossos honorários e um basta ás glosas indevidas. Sejamos éticos no sentido explicito da sua definição. Sejamos unidos e vamos dar um exemplo de cidadania, não à falta de respeito para com os que lutam por uma saúde pública e privada digna e igualitária para todos. Vamos dar um basta à essa classe de gestores e políticos corruptos que se utilizam da moeda podre de troca na saúde pública.

 Eduardo leite

gaastrojuda@hotmail.com