A DITADURA DA APARÊNCIA

`` A nossa civilização é em grande parte responsável pelas nossas desgraças. Seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retornássemos às condições primitivas. ´´Sigmund Freud. "A deformidade do corpo não afeia uma bela alma, mas a formosura da alma reflete-se no corpo." Sêneca.
Da pedra lascada ao batom milhões de anos passaram. Evoluiu-se muito, desde o domínio do fogo ao uso da roda e do parafuso.

Da comunicação com urros e sinais, vieram as palavras, os símbolos, as letras e as escritas nas pedras, na madeira, chegando do papiro ao papel, aos livros.

Ao longo desses anos a estética física, o visual das roupas passou a predominar das mais remotas tribos aos mais emplumados reinos.

Chegou-se ao século XX com o predomínio da publicidade a ditar moda, os costumes, os alimentos, o padrão de vida, o uso de equipamentos e tudo em fim que pudesse ser comercializado, sem que o indivíduo em si tivesse importância. O lucro, apenas o lucro, é o que importava e ainda importa no século XXI.

Passamos a alimentar nossos filhos com predominância do sabor doce ou salgado em alimentos artificialmente industrializados, sem valorizar à saúde. Crianças obesas, jovens e velhos obesos numa sociedade que se preocupa em vender e aceitar a magros.

Para corrigir essa distorção da alimentação inadequada vieram as dietas, ditas miraculosas e a cirurgia bariátrica, ambas, que resultam em fracasso com o passar do tempo.

A ditadura da moda, do nariz, dos lábios carnudos, do corte de cabelo ao esquento das chapinhas, o corpo sarado vestido por grifes de marca, aprisiona os jovens da segunda infância aos senhores e senhoras que teimam, inúltimente, em não envelhecer.

Estes padrões de beleza, a importância do status social, a valorização da aparência, nos levaram à angústia, à solidão, à fragilidade e ao desconhecimento sobre nós mesmos.

Toda essa estupidez consome 60% do PIB mundial gasto em pornografia e cosmetologia, num planeta onde o homem inicia os preparativos para pousar em Marte e continua tão vazio e animalesco como na era da pedra lascada.

Por desconhecer a si próprio o ser humano exibe-se sob disfarces que tentam, em vão, esconder o que realmente é e o quer.

Eduardo Leite
gastroajuda@hotmail.com
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