LIPOASPIRAÇÃO E ERRO MÉDICO, EM QUESTÃO.




Desta vez, a clínica era bem estruturada e o cirurgião plástico faz parte do seleto grupo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Mas, a paciente veio a óbito. A necropsia definiu a causa mortis; hemorragia interna por lesão da veia renal do rim esquerdo.
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Em questão, o erro médico, de volta aos noticiários diários. Saber da possibilidade de cometer um erro médico é a verdade que atormenta o médico. Não existe na face da terra um único cirurgião ou clínico que não tenha cometido um erro médico e ter tido vários maus resultados.
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Outro tema a ser discutido: o que é erro médico e o que é mau resultado. São diferentes e a linha de diferenciação é muito tênue. E, o mais difícil, a reparação desse erro em caso de lesão grave ou morte.
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O caso dessa jovem jornalista, pelo que foi exposto, trata-se de um erro médico. Erro esse, que se agravou porque não foram prestadas à paciente as condutas reparadoras que poderiam ter evitado o lamentável desfecho.
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Acontece que esse procedimento, a reparação da veia renal lesada, na maioria dos casos, não está factível à maioria dos cirurgiões plásticos habilitados pela SBCP ou não. Mesmo que eles tenham tido estágio ou residência em cirurgia geral.
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Exige-se ao médico candidato à cirurgia plástica dois anos em residência de cirurgia geral. Acontece que isso só funciona na teoria, pois, na prática a expertise em cirurgia geral para reparar uma lesão renal no curso de uma lipoaspiração é adquirida com a experiência ao longo do exercício da especialidade e não um período de um a dois anos em cirurgia geral.
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Cirurgia geral é uma especialidade que exige muito estudo e principalmente experiência em emergências e preparo psicológico. É exigida do cirurgião geral, a capacitação em cirurgia vascular, cirurgia ginecológica, cirurgia plástica reparadora, cirurgia de mão, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia urológica, cirurgia ginecológica, cirurgia torácica e cardíaca.
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Hoje, com a proliferação das especialidades é difícil ter um cirurgião geral que atenda a tantos desafios. Além disso, os jovens médicos estão cada vez mais deixando de optar por cirurgia geral e indo a busca de especialidades cirúrgicas mais restritas.
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Diante da repercussão a que este novo caso passou a ter, especula-se, desde já, na proibição de procedimentos cirúrgicos em clínicas sem UTI e sem a presença de um cirurgião geral.Realmente, ser submetido a um procedimento cirúrgico que necessita de anestesia geral, em um hospital é mais seguro do que numa clínica sem a infra estrutura para uma complicação grave.
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Mesmo assim o erro médico e os maus resultados não estarão livres de acontecer. Também deve-se considerar que essa medida implicaria em sobre carga na deficitária rede hospitalar pública e privada e, teria uma significativa alta nos custos desses procedimentos que são realizados em clínicas de cirurgia plástica, de otorrino, de oftalmologia e outras.Um erro nunca vem só. Sempre vem acompanhado de vários fatores.
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Na medicina um erro a ser evitado é justamente a respeito da indicação de qualquer procedimento clínico ou cirúrgico. É importante discutir a indicação do procedimento médico, sobre seus riscos, seus custos e seus benefícios devem sempre ser bem avaliados.
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Em nome da ´´ beleza`` ideal muitas vidas têm sido precocemente perdidas.Vivemos numa sociedade onde a aparência e o dinheiro é a principal razão do existir. Temos muito a estudar e a praticar sobre o que realmente somos e o que queremos.
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Eduardo Leite
LIPOASPIRAÇÃO E ERRO MÉDICO, EM QUESTÃO. LIPOASPIRAÇÃO E ERRO MÉDICO, EM QUESTÃO. Reviewed by Eduardo Leite on 1/30/2010 02:01:00 PM Rating: 5

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